Conteúdos exclusivos produzidos pelo professor Ricardo Mello
Terapia do Esquema é um modelo psicoterápico integrativo, de base humanista, criado pelo psicólogo Jeffrey Young, como resultado de sua experiência pessoal como paciente de terapia, nas limitações que vivenciou, sua experiência clínica como psicólogo e sua pesquisa em decorrência das limitações apresentadas por outros modelos psicoterápicos quando aplicados de forma única, isolada, principalmente em pacientes “caracterológicos”, difíceis e desafiadores, como os que apresentam transtornos de personalidade.
Os fundamentos da Terapia do Esquema se baseiam em conceitos psicanalíticos, gestálticos, cognitivos-comportamentais, no construtivismo de Piaget, na Abordagem Centrada na Pessoa de Carl Rogers, no Psicodrama de Moreno dentre muitas outras linhas e estratégias psicoterápicas. A Terapia do Esquema é muito flexível e permite integrar praticamente qualquer modelo ou prática terapêutica desde que seja adaptada e focada no conceito central dos esquemas.
A Terapia do esquema entende que a causa das queixas no consultório, do sofrimento do paciente e de seus problemas caracterológicos (reações emocionais, psicossomáticas e comportamentos disfuncionais), são consequências de traumas, maus tratos, abusos, negligências ou dinâmicas familiares difíceis, conflituosas, restritivas e limitantes, ocorridos na infância, que acabam estruturando feridas emocionais que chamamos de "esquemas desadaptativos remotos ", os quais podem ser definidos como padrões emocionais, cognitivos e comportamentais limitantes e autoderrotistas.
Esses esquemas também são estruturados numa relação familiar aparentemente normal, mas cujas necessidades emocionais fundamentais da criança não foram atendidas plenamente na relação parental/maternal, tais como: segurança, conexão afetiva, aprovação, estabilidade, autonomia, individualidade, validação, atenção, limites, reconhecimento, liberdade, privacidade, espontaneidade, competência, cumplicidade, amor incondicional, etc.
A criança, e, consequentemente o adulto, irão reagir aos seus esquemas desadaptativos remotos através do que chamamos de "estilos de enfrentamento" (lutar, fugir ou se entregar), ou seja, se vitimizando (resignação), fugindo (evitação) ou lutando/negando os seus esquemas (hipercompensação). O estilo de enfrentamento estrutura comportamentos específicos, um "jeito de ser" limitante, por vezes disfuncional, os quais chamamos de "respostas de enfrentamento" ou "modos dos esquemas".
O trabalho terapêutico na Terapia do Esquema visa o amadurecimento emocional do paciente estruturando o modo "adulto saudável", o que fará com que ele reaja e se comporte aos gatilhos dos esquemas de forma equilibrada, madura, consciente e adaptativa. A "cura" dos seus esquemas nucleares se dará através da relação terapêutica e de uma série de técnicas e estratégias vivenciais, cognitivas e comportamentais culminando na "reparação parental".
A "reparação parental" é uma estratégia chave na Terapia do Esquema que consiste em fazer com que o paciente sinta e vivencie, pela primeira vez, suas necessidades emocionais sendo plenamente atendidas, através de técnicas vivenciais, de imagens mentais e da relação terapêutica. Essa estratégia provocará uma "experiência emocional reparadora", dessensibilizando os esquemas nucleares, permitindo uma resposta de enfrentamento mais adulta e adaptativa.
São 18 os esquemas desadaptativos remotos, classificados e subdivididos em 5 "domínios":
I- Domínio de Desconexão e Rejeição
* Abandono/Instabilidade
* Privação emocional
* Defectividade/Vergonha
* Desconfiança/Abuso
* Isolamento Social/Alienação
II - Domínio de Autonomia e Desempenho Prejudicados
* Vulnerabilidade ao dano/doença
* Incompetência/Dependência
* Fracasso
* Emaranhamento
III - Domínio de Limites Prejudicados
* Arrogo/Grandiosidade
* Autocontrole/Autodisciplina insuficientes
IV - Domínio de Direcionamento para o Outro
* Subjugação
* Auto sacrifício
* Busca de aprovação e reconhecimento
V - Domínio de Supervigilância e Inibição
* Negativismo/Pessimismo
* Inibição emocional
* Padrões inflexíveis/postura crítica exagerada
* Postura punitiva